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18 de dez. de 2014

Entrevista sobre surdocegueira, com Fernanda Falkoski

Olá queridos,

É com muita alegria que retomo as postagens do blog depois de iniciar essa vida corrida, agitada e maravilhosa da maternidade!
Hoje publico uma entrevista muito interessante com Fernanda Falkoski, uma jovem educadora que tem se dedicado a ensinar surdocegos. Apesar de ter apenas 25 anos, a jovem professora nascida em Canoas e que atualmente reside em Novo Hamburgo, RS, é formada em curso de Magistério, Letras-Português pela UNISINOS, Tradutora/Intérprete de Libras  pela ULBRA, além de vários cursos na área de cegueira. Atualmente cursa Pedagogia pela UNISINOS, e cursa pós-graduação em Neuroeducação e Educação Inclusiva – Capacitar NH. Em nossa entrevista ela compartilha conosco como tem sido ensinar surdocegos na rede regular de ensino.


Vendo Vozes: Como surgiu seu interesse por temas como surdez e surdocegueira?

Fernanda: Iniciei os cursos de libras, mas não tinha nenhum contato com pessoas surdas, ao me formar no magistério fui chamada para assumir uma turma de alunos surdos e a partir dai senti a necessidade de buscar mais conhecimentos na área. Após esse trabalho fui transferida para uma escola de educação infantil para trabalhar com alunos surdos de 2 e 3 anos, fiz mais algumas formações na área e parti para o curso de Tradutor/Intérprete de Libras e cursos de braile, mas sem ter interesse por surdocegos.
No curso de Tradutora/Intérprete de Libras tive meu primeiro contato com a surdocegueira, através de falas dos professores e um filme, "Black", nesse período estava começando a pensar no Trabalho de Conclusão de Curso da faculdade de Letras, então pensei: Porque estudar sobre surdos se poderia conhecer sobre surdocegos? Então comecei a conversar com pessoas sobre esse meu interesse, mas não tinha nenhum contato com pessoas surdocegas.
No ano de 2011 na van em que eu ia para a faculdade, uma amiga me disse que trabalhava perto da minha casa e que lá tinha um menino surdocego matriculado, logo pensei, tenho que conseguir contato. Então fui até a escola, conversei com a equipe diretiva que me encaminhou para a secretaria de educação do município de Novo Hamburgo e passei a interagir com esse menino.
A partir dai fui em busca de cursos, leituras e referência que pudessem auxiliar nessa busca pela conhecimento da surdocegueira, mas infelizmente encontrei pouco material, poucas referências, mas consegui o contato com um surdocego Alex Garcia que foi a pessoa que me auxiliou muito no início desse trabalho. Consegui o contato dele e nos encontramos para conversar, ele me explicou algumas coisas, me deu dicas e materiais de consulta, já que aqui no RS não temos cursos na área.
Em 2012 acabei sendo contratada pelo município de Ivoti, pois eles tinham uma aluna cega e precisam de alguém que conseguisse trabalhar com ela, trabalhei durante 6 meses com ela e fui transferida para outra escola do município que também tinha um menino surdocego. Foi com o estudo de caso desse menino que fiz meu Trabalho de Conclusão de Curso.
Desde então busco formações, contatos, escrevo sobre o assunto, ainda tenho contato com as crianças, mas não dentro de escolas, mas informalmente. Hoje também conto com a parceria de Habdel Hussein, também surdocego adulto, que auxilia nesse trabalho.
E assim é um pouco da história de como surgiu meu interesse pela área.

Vendo Vozes: Qual são os principais desafios para quem atua nestas áreas?
Fernanda: O principal desafio é um pouco a falta de interesse dos municípios em investir nesses casos, sabemos que não são apenas esses dois meninos que conheço que são surdocegos, mas onde estão os outros? Quem trabalha com eles?
Quando faço esses questionamentos, muitas vezes recebo a resposta estão sendo atendidos dentro das possibilidades, mas o que me deixa triste é saber que tenho um pouco a oferecer e não tenho oportunidade em poder ajudar, passar um pouco do meu conhecimento, dos meus estudos e vivências nessa área.

Vendo Vozes: Como um educador que pretende se especializar nestas áreas pode proceder? Onde há cursos ou material sobre o assunto?
Fernanda: Infelizmente não temos cursos nessa área, poucos materiais publicados. Quem quer trabalhar com surdocegos precisa correr atrás de pessoas que trabalham ou trabalharam, que pesquisam esse assunto, pois se esperar por cursos, não conseguirá nada.

Vendo Vozes: Atualmente, as escolas estão preparadas para atender alunos surdocegos? Como elas podem se preparar?
Fernanda: As escolas não são preparadas para trabalhar com crianças surdocegas, falta organização estrutural, materiais, e principalmente professores qualificados. Tenho um projeto de trabalho com alunos surdocegos, mas ainda não consegui coloca-lo em prática devido a falta de interesse dos municípios.

Vendo Vozes:Qual conselho você daria para os pais de uma criança surdocega que não sabem como proceder com a educação de seu filho ou o que ele é capaz de aprender?

Fernanda: Primeiro é acreditar no potencial de seu filho, todos podem aprender, todas as pessoas têm esse direito. Cabe a família acreditar e buscar recursos, informações e ações que possam ser feitas pelas crianças surdocegas. Por mais difícil que seja, não desista mesmo que sejam muitos os desafios a serem superados. Busque o máximo de informações sobre a deficiência, mas não encare como uma deficiência e sim como um jeito diferente de se viver.

Vendo Vozes: Por favor, deixe uma mensagem aos leitores que possuem interesse em se especializar nesta área.
Fernanda: A primeira coisa que digo é não se pode desistir, serão muitos os obstáculos, mas é possível buscar formação na área com os profissionais que já trabalham, me coloco a disposição para esclarecimento de dúvidas e conversar mais sobre o assunto.

Vendo Vozes: Como os leitores podem entrar em contato contigo?
Fernanda: Quem tiver interesse ou curiosidade no assunto, pode escrever para o e-mail: fezinha_noia2@hotmail.com, pode me adicionar no Facebook Fernanda Cristina Falkoski, ou então escrever no blog: http://consolinesc.blogspot.com.br/

Vendo Vozes: Existem materiais, pesquisas e artigos já publicados por ti ou sobre teu trabalho? Como ter acesso a eles?
R: Sim tenho algumas publicações na área e também meu TCC que possam enviar caso tenham interesse:

Artigo “Inclusão de surdos na educação infantil: aquisição e desenvolvimento da língua de sinais”, publicado na revista Arqueiro n°24 (INES)

Artigo “Promovendo o ensino-aprendizagem e a efetiva inclusão de aluno surdocego pré-linguístico em escola regular” (acesse aqui)

Artigo publicado na revista Aprendizes – Ivoti.
Dialogando sobre aquisição da linguagem e surdocegueira”. (acesse aqui)

Artigo: “Surdocegueira: aprendendo pela proximidade”, publicado na Revista Reação. Ano XV - nº 87. Julho/Agosto de 2012. Caderno Técnico Científico, Volume 77, pág. 2 e 3.

Artigo: “Aluno surdocego pré-simbólico: linguagem, língua e escola” (acesse aqui)





Descrição das imagens: à esquerda, Fernanda com sua toga de formatura do curso de Letras; à direita, Fernanda apresenta um trabalho acadêmico, ao lado de um texto projetado em uma parede.









Agradecemos à Fernanda pela disponibilidade da entrevista. 
Comente conosco sua opinião sobre o assunto!

23 de abr. de 2012

Surdocego recebe o título de doutor


Olá pessoal,
Esta notícia é antiga, e eu pensava já ter publicado aqui, mas acho que deixei como rascunho e acabei esquecendo de publicar... Mas é uma notícia tão legal, que vale a pena, não acham???



Professor Surdocego a Graduar Doutorado

The Yomiuri Shimbun

O professor associado surdocego do Centro de Pesquisas para Ciências e Tecnologias Avançadas da Universidade de Tóquio será graduado doutor.
Satoshi Fukushima, 45 anos de idade, será a primeira pessoa surdacega a receber o título de doutor no Japão. A cerimônia de entrega do título acontecerá no campus Kobama da Universidade de Tóquio na quarta-feira.
Fukushima perdeu a visão quando tinha 9 anos de idade e a audição aos 18. Entretanto, graças ao método "yubi tenji", o sistema tátil - baseado no braille - inventado pela sua mãe, Reiko, ele passou pelo vestibular da Universidade Metropolitana de Tóquio, tornando-se a primeira pessoa surdacega no Japão a ingressar na Universidade.
Fukushima, que estuda como a sociedade deveria interagir com as pessoas com deficiência, iniciou preparativos para sua tese de doutorado seis anos atrás. Ele analisou como ele começou a se comunicar com outros pelo método yubi tenji após anos de vida num mundo sem palavras.


4 de abr. de 2011

Material sobre Surdocegueira

Olá pessoal
Hoje estou passando rapidinho para postar alguns materiais interessantes que tenho encontrado sobre Surdocegueira e educação, um assunto ainda pouco conhecido e divulgado no Brasil. Em meu curso de licenciatura não lembro de ter ouvido ou lido nada sobre isso, e acabei tomando mais conhecimento sobre esse tipo de necessidade quando comecei a aprender LIBRAS e conhecer a comunidade surda. Como estava vendo umas fotos do museu de cera de NY, e vi uma linda foto da Helen Keller, lembrei de postar sobre o assunto aqui no blog.
Uma das dicas é assistir ao filme "O milagre de Anne Sulivan", que mostra a história a infância de Helen Keller, essa simpática senhora ao lado, símbolo universal de superação, e a surdocega mais conhecida do mundo, com certeza! Não é muito fácil de ser encontrado em locadoras, mas muitos sites disponibilizam uma cópia na internet.
Outra dica é o e-book "Surdocegueira e Deficiência Múltipla Sensorial: sugestões de recursos acessíveis e estratégias de ensino", um rico material com definições sobre o que é a surdocegueira e deficiências múltiplas, estratégias e materiais de comunicação e aprendizagem. Bem esclarecedor e surpreendente!

No site da Associação Educacional para Múltipla Deficiência, a AHIMSA, há outros materiais que você pode ter acesso, assim como cursos e outros eventos promovidos pela instituição.

Outro site interessante é o do Grupo Brasil de Apoio ao Surdocego e ao Múltiplo deficiente sensorial.
Espero que estas dicas sejam úteis a vocês. Para indicar outros materiais, deixe um comentário neste post.
Abraço,
Vanessa!