30 de dez. de 2011

Você sabia que...

...William C. Stokoe,
o Pai da Língua de Sinais Americana (ASL),
não sinalizava muito bem???

Parece uma ironia, né, gente? Mas é isso que (também) nos conta Jane Maher, em seu livro "Seeing language in sign - The Work of William C. Stokoe" (minha leitura de férias, ha ha ha, onde está escrito férias, leia-se mestrado, ok?! Ah, e o título pode ser traduzido como "Vendo língua nos sinais - a Obra de William C. Stokoe"). Além desse detalhe sobre Stokoe, o livro de Jane tem muitas informações úteis, bastante contextualizadas na história e no tempo, sobre Stokoe e sua obra de uma vida inteira. Minha leitura ainda não chegou ao fim, então, acho que ainda terei outras fofocas para contar. Tá, gente...ficaram curiosos sobre o fato de Stokoe não sinalizar muito bem? Vamos dar um desconto, né: Stokoe foi convidado por seu ex-colega de faculdade e parceiro de esgrima (sabia dessa também?!), e, à época coordenador do Gallaudet College, Detmold, para ensinar Literatura (medieval) para os surdos (faz ideia do que que é isso? Só pra vocês terem noção, é algo que tem a ver com Old English, Shakespeare, Chaucer, etc...ainda não sabe? Pois, então, algo pouco comum e difícil de ser ensinado...!). E ele não fez curso, capacitação, formação em Libras (ou ASL), curso de intérprete, ou oficina que a gente tudo hoje pode fazer (ô beleza!!!), e ele também não tinha o vendovozes.com para ficar mais informado, concorrer a livros sobre o assunto, saber das novidades e publicações sobre a educação e inclusão de surdos, né? Hohoho! Ele chegou lá de paraquedas (mas entenda-se que na bagagem dele tinha, também, muita vontade de ensinar, olhar atento, e plenas certezas das capacitades - todas - dos surdos). Obviamente ele aprendeu a sinalizar, mas não chegou a ser um "bam-bam-bam" na sinalização da ASL. Há relatos, inclusive, de que os alunos não compreendiam muitas vezes, nem a soletração manual dele...tu vê, hein?! Há esperança para nós, minha gente!!! Ano novo chegando = esperanças se renovando! Se você ainda tem dúvidas sobre a compreensibilidade de sua sinalização (ou, simplesmente, teme se seu sobrenome, tipo, "f-r-y-d-r-y-c-h" em Libras vai ser entendido), keep on, não desista!!! Vai saber se daqui uns 30 anos não é você recebendo, como Stokoe, o título Doutor Honoris Causa por suas contribuições à comunidade surda, hã?!

Bjo, Laura - a colaboradora.

27 de dez. de 2011

Feliz 2012!

Olá queridos!
Quero agradecer a todos os e-mails, comentários, visitas e carinhos recebidos em 2011 através do Blog Vendo Vozes, meu veículo de divulgação de eventos, informações, inquietações, a respeito da inclusão na escola, na sociedade, na vida! Estou entrando no período de férias do blog, mas ele continuará trazendo novidades em janeiro, pois já deixei umas postagens programadas muito legais, por isso não deixem de visitá-lo, ok?
Em 2012 teremos várias novidades para vocês!
Um grande abraço a todos, feliz 2012 para cada leitor e colaborador! Deixo meu beijo especial para a colaboradora Laura Frydrych, com o desejo de que o Senhor esteja sempre contigo!

"Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres."  Salmo 126:3.

Sorteio - Promoção de Natal

Olá pessoal! Tudo bem? Como foi o Natal?

Bem, ontem foi o último dia da promoção de natal do blog (ver aqui). Como de costume, fiz o sorteio pelo site Random.org, e o resultado, conforme figura abaixo, foi o comentário número 22!

Então, a sorteada que vai levar o livro "Surdos Qual Escola?" é Fabíola Lima. Parabéns, Fabíola!!!!

Quero agradecer à participação de cada um, e as declarações de qual escola para surdos desejam (vale a pena ler os comentários, é um resumo daquilo pelo qual os surdos têm lutado: uma escola de qualidade, bilíngue, bicultural, diferente...)
Espero que um dia esta escola seja real para os surdos brasileiros!
Um grande abraço a todos e, mais uma vez, parabéns, Fabíola!



21 de dez. de 2011

Literatura Surda - Parte II

Olá queridos!
Em postagens anteriores eu já havia falado um pouco sobre Literatura Surda (confira aqui, por exemplo). 
Hoje quero mostrar para vocês um site só sobre Literatura Surda, de um grupo de pesquisa em educação e cultura surda, com patrocínio da Funarte - Fundação Nacional de Artes do Governo Federal.
O site é Literatura Surda, e traz uma coleção de vídeos de piadas, contos, narrativas, poesias, tudo em Libras (alguns vídeos têm legendas, inclusive). Para quem quer saber mais sobre o tema, o site também traz uma lista ótima de referências, e, para quem quiser contribuir enviando materiais, é só se cadastrar no site e enviar seus vídeos, não é legal? Assim toda a comunidade surda pode participar também, fazendo do site uma grande videoteca de literatura surda.
O grupo é coordenado pela Profa. Dra. Lodenir Karnopp, além dos contadores de história surdos Carolina Hessel, Fabiano Rosa, Augusto Schallenberger, Cláudio Mourão, os intérpretes de Libras Luiz Rodrigues, Elisama Suzana e uma grande equipe (ver nomes e formação aqui). Abaixo, apresento um vídeo que consta no site acima, chamado "Número Sangrento", de autoria e apresentação de Cláudio Mourão. O poema é lindo e surpreendente, e aborda temas como a descoberta da surdez pela família e o implante coclear, a partir da perspectiva de uma criança surda. Contém legenda e também um link para audiodescrição do poema (aqui).

Layout do site Literatura Surda


Abaixo, apresento um vídeo que consta no site acima, chamado "Número Sangrento", de autoria e apresentação de Cláudio Mourão. O poema é lindo e surpreendente, e aborda temas como a descoberta da surdez pela família e o implante coclear, a partir da perspectiva de uma criança surda. Contém legenda e também um link para audiodescrição do poema (aqui).



O que vocês acharam do vídeo? Opinem!



18 de dez. de 2011

Hoje na RBS TV do Rio Grande do Sul: matéria sobre Implante Coclear

Olá pessoal,
Hoje à noite no Teledomingo (Canal Rede Globo, RBS), vai ser apresentada uma matéria sobre um implante coclear, às 23h10. Para quem não for do RS, vou tentar colocar um link para o vídeo posteriormente, ok?  Depois quero saber a opinião de vocês sobre a matéria.
Abração e ótimo domingo a todos!

16 de dez. de 2011

Programa NBlogs discute Educação de Surdos

Olá pessoal,

Abaixo compartilho com vocês um vídeo do programa NBlogs, do canal Record News, a respeito de educação de Surdos. O programa contou com a participação das convidadas Dra. Ronice Quadros e Fonoaudióloga Sandra Campos. É uma pena que não consegui com legenda... :(




O pessoal da internet que adora legendar filmes, poderia se engajar em fazer legendas em português também, né???

Abraço!

14 de dez. de 2011

Vídeo institucional do Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência

Oi queridos!
Eu já havia escrito sobre o Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Governo Federal aqui.
Agora, quero compartilhar o vídeo que fizeram da campanha, que é ótimo! Não deixe de compartilhá-lo com seus amigos, alunos, e colegas.
"O interessante é que não é a deficiência que nos impede de exercer nossa cidadania, e sim a dificuldade que a sociedade tem de eliminar barreiras e garantir o pleno exercício dos direitos."
 


Muito legal o vídeo, né? Todos arrasaram! 

12 de dez. de 2011

Especialização em LIBRAS para Docência do Ensino Superior e Básico e para Interpretação

Olá pessoal,
Achei tão legal esse curso que resolvi compartilhar com vocês. Pena que moro longe! :(

O curso de Especialização em LIBRAS para Docência do Ensino Superior e Básico e para Interpretação, vai ser oferecido pela Faculdade Jaguariúna, em Jaguariúna (SP) e terá início em 28 de janeiro de 2012. Será um curso presencial, com 350 horas (aulas aos sábados). Você pode ter todas as informações do curso neste link. Vão logo, porque tem desconto no valor do curso para matrículas realizadas em 2011!


Abração!

Vanessa

7 de dez. de 2011

Entrevista - Programa Destaque - Rede Mensagem FM

Olá pessoal

Quero agradecer a todos os ouvintes do Programa Destaque, com Rosiléia Fernandes, de hoje, na Rede Mensagem FM. Hoje participei de uma entrevista sobre a Libras, e foi muito legal. Para ouvir a entrevista, clique aqui!
Abaixo deixo alguns links e dicas que foram tratados na entrevista:



Maiores informações, dúvidas ou sugestões, envie em "comentários" ou pelo e-mail blogvendovozes.gmail.com.
Abraço!

2 de dez. de 2011

Promoção de Natal!


Olá queridos!

O Vendo Vozes quer agradecer a todos os leitores e colaboradores por ter nos acompanhado em mais um ano. O primeiro presente foi o novo layout, criado pelo Bruno Pires, o que acharam???

O segundo é um exemplar do livro "Surdos Qual Escola?", Organizado pela Professora Nídia Regina L. de Sá.
O livro saiu este ano, pela Editora Valer e Editora da Universidade Federal do Amazonas, e foi oferecido pela Profa. Dra. Maria Cecília Moura, uma das autoras do livro. Abaixo vocês tem um release do livro e uma lista de todos os artigos e autores, que juntos compõe este livro de 300 páginas!


Artigos e Autores:

Organizadora: Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá – UFAM/AM





  1. Escolas e classes de surdos: opção político-pedagógica legítima. Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá – UFAM/AM
  2. A ameaçada escola de surdos - Profa. Msc. Shirley Vilhalva – FNDE/UFSC/SC
  3. Sobre a falácia de tratar as crianças ouvintes como se fossem surdas, e as surdas como se fossem ouvintes ou deficientes auditivas: pelo reconhecimento do status linguístico especial da população escolar surda. Prof. Dr. Fernando C. Capovilla – USP/SP
  4. A performatividade em educação de surdos - Profa. Dra. Gladis Perlin – UFSC/SC e Prof. Dr. Wilson Miranda – UFSM/RS
  5. O difícil são as palavras: discursos e práticas na escolarização de jovens a adultos surdos. Profa. Dra. Wilma Favorito – INES/RJ
  6. Educação de surdos: entre a realidade e a utopia. Profa. Msc. Emiliana Faria Rosa – UNIPAMPA/RS
  7. A escola bilíngue para surdos: uma realidade possível - Profa. Dra. Maria Cecília Moura - FACHS e PUC/SP
  8. A centralidade da língua para os surdos: pelos espaços de convivência e uso da Libras – Profa. Msc.Larissa Silva Rebouças – UFS/SE e Prof. Msc. Omar Barbosa Azevedo – UFBA/BA
  9. O contexto da sala de aula inclusiva e a educação da criança surda - Profa. Dra. Thereza Bastos – UFRB/BA
  10. Estudantes surdos na escola regular: análises de surdos. Profa. Msc. Jane Lindoso Brito – UEA/AM e Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá – UFAM/AM
  11. Na escola de surdos: o teatro como construtor identitário e cultural– Profa. Msc. Rosejane da Mota Farias - UFAM/AM e Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá – UFAM/AM
  12. Aulas de música em classes de/com surdos? – Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá – UFAM/AM
  13. Escola de surdos: um espaço negado. Profa. Dra. Arminda Rachel Botelho Mourão - UFAM/AM e Profa. Msc. Joab Grana Reis – UEA/AM
  14. Pela estimulação precoce em libras para crianças surdas: testemunho de um pesquisador - Prof. Msc. Omar Barbosa Azevedo –UFBA/BA
  15. A inclusão da pessoa com deficiência - Prof. Dr. José Salomão Schwartzman – Universidade Mackenzie/SP
  16. Carta aberta de Kristina Svartholm - Sobre escolas especiais para surdos – Profa. Dra. Kristina Svartholm (Universidade de Estocolmo) e Profa. Dra. Maria Cecília Moura (FACHS e PUC/SP)
  17. Carta Aberta ao MEC – Profa. Dra. Nídia Regina Limeira de Sá – UFAM/AM
  18. Carta de F. Capovilla ao Ministro da Educação – Prof. Dr. F. Capovilla – USP/SP
  19. Carta de Salvador: A educação que nós, surdos, queremos e temos direito – Comunidade Surda/BA

Como participar???

1. Clique em "comentários", aqui abaixo, e responda: "Qual a escola você quer para os surdos?"
2. Inclua seu nome e e-mail.
3. Pronto, está participando. Envie quantos comentários quiser, mesmo quem já foi sorteado em promoções anteriores. O sorteio será dia 26 de dezembro! Divulgue e participe.
Abraço, Vanessa.

1 de dez. de 2011

Sorteio da Promoção "Diálogos"

Olá pessoal! 
Ontem terminou mais uma promoção do Vendo Vozes, que sorteou um exemplar do livro "Diálogos entre Linguística e Educação", ocorrido no mês de novembro (confira aqui)! Nos comentários você pode acompanhar as inúmeras dicas de livros que os leitores deram, enriquecendo ainda mais o blog. Fiz o sorteio ainda há pouco, como você pode conferir na imagem do Random.org, e o comentário sorteado foi o de número 8 - Janaína Cabello, nossa querida leitora e colaboradora.

Parabéns, Jana!

Para aqueles que não ganharam, recomendo a compra do livro, que está indo para o segundo volume! Também agradeço às autoras, Profa. Cátia e Profa. Otília que nos ofereceram o livro.
Em breve, novas promoções de Natal e fim de ano para os leitores, fiquem ligados.
Abraço,
Vanessa.

25 de nov. de 2011

Cursos de Libras - 2012/1

Olá pessoal!
Quero compartilhar, neste post, os cursos de Libras que estão com inscrições abertas para 2012. Ele será constantemente atualizado, por isso, por favor, se você sabe de algum curso, em qualquer lugar do país, envie por e-mail ou comentário, ok? Obrigada!

olhares.uol.com.br

24 de nov. de 2011

O Diagnóstico Precoce da Surdez – qual o lugar da linguagem?

Olá pessoal!
Há algum tempo estou preparando esta postagem sobre o "Teste da Orelhinha", tão comentado e polemizado.
Primeiramente, o que é este teste? Segundo este site é um tipo de  triagem auditiva neonatal, parte de um programa de avaliação da audição em recém nascidos, indicada por instituições do mundo todo para diagnóstico precoce de perda auditiva, uma vez que sua incidência, na população geral, é de 1 a 2 por 1000 nascidos vivos. A Técnica utilizada é a de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs). O Exame é indolor, com a colocação de um pequeno fone na parte externa do ouvido, com a duração por um tempo médio de 3 a 5 minutos.

Como ainda não sou mãe, nunca tinha visto a realização deste teste pessoalmente, até o mês passado. Em 01/10 nasceu meu primeiro sobrinho, Pedro, e quando os pais dele foram levá-lo para realizar o Teste da orelhinha, aos 21 dias de vida do bebê, pedi para acompanhar. Eles deixaram, assim como autorizaram a publicação das fotos da realização do mesmo, para eu poder mostrar a vocês do blog.

Teste da orelhinha do Pedro, aos 21 dias de vida.
O teste foi realizado em um centro clínico de Porto Alegre. O bebê fica no colo da mãe, e a Fonoaudióloga coloca um fone de ouvido no bebê, ligado a um aparelho e a um computador, como vocês podem ver. O aparelho emite alguns ruídos e mede a audição do bebê. Depois e Fonoaudióloga retira o fone e, com o bebê dormindo, realiza alguns testes para ver se ele reage. Com o Pedro deu tudo certo, ele tem uma audição perfeita, mas o que acontece quando o resultado é outro?

Sempre pensei que o Teste da Orelhinha só oferecesse benefícios para o bebê. Porém, em junho, ao assistir uma comunicação da Profa. Dra. Maria Cecília de Moura no INPLA, na PUC-SP, percebi que nem sempre é assim. Segundo ela, muitas vezes, quando o diagnóstico do teste é uma suspeita de perda auditiva, a mãe fica sem saber como agir com o bebê, muitas vezes deixando de se comunicar com ele, e provocando uma ruptura no vínculo entre eles.
Entrei em contato com a Professora Cecília Moura, que gentilmente escreveu um artigo inédito, para o blog, a respeito deste assunto, que publico a seguir.

O Diagnóstico Precoce da Surdez – qual o lugar da linguagem?
Profa. Dra. Maria Cecilia de Moura
Curso de Fonoaudiologia
FACHS
PUC-SP

Se o bilinguismo para Surdos deve ser pensado como uma realidade que possibilitará que os Surdos possam se constituir como seres da linguagem, devemos refletir sobre a época em que eles devem ser expostos à língua de sinais.
Existe um período optimal para a aquisição da linguagem para qualquer indivíduo. Sabe-se que crianças apartadas de uma condição normal de aquisição de linguagem não desenvolverão linguagem de forma normal (RODRIGUES, 1991). Para que isso venha a acontecer é necessária uma relação afetiva num ambiente estimulador. Isso pode vir a não acontecer com bebês surdos que são diagnosticados muito cedo. As famílias, por acreditarem que não serão entendidas pelo seu bebê, sentem-se incapazes de se comunicar com ele.
O bebê precisa ser considerado como alguém que poderá desenvolver linguagem (BOUVET,1990). As funções neurológicas e psíquicas trabalham juntas e há um momento certo para o desenvolvimento da linguagem. Ninguém esperaria que crianças ouvintes sejam expostas tardiamente à linguagem por nenhuma razão. Mas, o diagnóstico precoce da surdez pode fazer com que isso aconteça porque quando a família descobre a surdez de seu filho ela pode parar de falar com ele.
Com o diagnóstico precoce que é feito para que a estimulação auditiva comece o mais cedo possível (via aparelhos auditivos ou implantes cocleares) pode haver uma quebra no circuito de comunicação e se poderá privar a criança de linguagem.
Os especialistas argumentam que quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais normal será o desenvolvimento da criança (YOSHINAGA-ITANO, C, 1998). De forma a permitir um desenvolvimento ideal de linguagem oral que não se sabe se irá acontecer ou não os especialistas evitam que uma relação natural mãe/bebê possa vir a acontecer (MADILLO-BERNARD, 2007).
As funções psíquicas e neurológicas trabalham juntas e existe um momento adequado para o desenvolvimento da linguagem (Rodrigues,1991). Ninguém espera que uma criança ouvinte seja exposta tardiamente à linguagem por qualquer razão que seja. Mas, o diagnóstico precoce da surdez pode fazer isso acontecer para os bebês Surdos. Quando é dito a uma família que seu filho “pode” ter uma perda auditiva, os pais podem parar de falar com ele. Isso acontece porque a surdez é algo desconhecido. Como se comunicar com alguém que não escuta?
Afinal, qual a razão do diagnóstico precoce? Ele é feito para que a estimulação auditiva comece o mais cedo possível. São citados exemplos de que o diagnóstico é tardio – mas de quem é a culpa? Não seria o caso dos médicos pediatras serem formados a fim de poderem diagnosticar a surdez frente às perguntas das mães? A escolha foi outra e de forma a “permitir” um desenvolvimento ideal da linguagem oral que ninguém sabe se irá acontecer, os especialistas podem vir a impedir o estabelecimento de uma relação normal entre a mãe e o bebê. Uma relação em que a mãe olha para seu filho, conversa com ele e o considera alguém que virá a ser e não como um estrangeiro com quem ela não sabe se comunicar (RAFAELI, 2004)
Estabelece-se aí um paradoxo: sem esse vínculo que seria absolutamente normal: uma mãe que fala com seu bebê, que considera que seu bebê é alguém que virá a falar, o desenvolvimento de linguagem pode ser seriamente prejudicado e o objetivo que os especialistas gostariam de atingir pode não vir a acontecer.
Os especialistas deveriam compreender o impacto do diagnóstico precoce da surdez no desenvolvimento do bebê Surdo desde que esse diagnóstico está relacionado à forma pela qual a família irá se relacionar e se comunicar com a criança recém nascida.
Essa preocupação não se encontra apenas no Brasil. A França tem se preocupado muito com essa possibilidade de ruptura de vínculo mãe/ bebê, como podemos ver com Madillo-Bernard (2007), psicanalista francesa:
"[...] mas, os psicólogos e psiquiatras especializados em crianças surdas temem que uma triagem e um anúncio no início do primeiro mês comprometam a instalação da relação mãe-criança e o estabelecimento da maternagem. Na ausência de risco vital, uma triagem demasiado precoce (período neonatal) dessa desordem que está ligada à comunicação não traz o risco de ser iatrogênica (i.e.,reação ou doença por efeito colateral), perturbando o processo de vinculação? [...] (p.41)."
Deve-se responder, antes de mais nada perguntas cruciais :
Os resultados sobre o diagnóstico precoce encontrados até agora apoiam o pressuposto de que ele precisa ser feito ao nascimento?
Por que evitar o uso de língua de sinais?
Qual é a garantia de que essas crianças serão iguais às crianças ouvintes como os especialistas afirmam?
Mesmo com boas habilidades auditivas, elas continuarão a ser surdas (sem que se permita que sejam Surdas). Afinal, se ela fizeram um implante coclear é porque são Surdas e não há nenhuma garantia que deixarão de sê-lo CAMPOS, Comunicação Pessoal, 2011).
Elas serão sempre colocadas numa situação de diferença dos ouvintes.
E, mais do que qualquer coisa – elas não estarão preparadas para a discriminação que sofrerão.
A única forma de se lidar com esse problema de forma a minimizar os danos é propiciar à família, de forma especial à mãe, um lugar em que eles possam ser ouvidos e acolhidos.
Logo que possível eles deveriam ter a possibilidade de entender que existem outras possibilidades, isso é, que os Surdos usam Libras, e podem se desenvolver muito bem, independente da oralidade que será algo a mais que lhes possibilitará uma inclusão social mais tranquila, mas que antes de mais nada eles continuarão Surdos. O modelo sueco já mostrou que isso pode ser feito (SVARTHOLM, 2008.). Além disso as famílias deveriam receber orientação em relação ao Surdo como membro de um grupo cultural que carrega uma diversidade e em relação ao papel da língua de sinais no desenvolvimento da linguagem do bebê. (BELLUGGI, 1980; Svartholm, 2008).
É muito importante que os especialistas da área médica e fonoaudiológica que são favoráveis ao diagnóstico precoce e ao implante coclear compreendam que, se existe um período crítico para o desenvolvimento do sistema auditivo (YOSHINAGA-ITANO; SEDEY; COULTER.; MEHL,1998), há também um período crítico para o desenvolvimento optimal da linguagem que pode ser possibilitado para o Surdo pela língua de sinais. Isso é muito importante se desejamos que os bebês Surdos cresçam em condições similares aos bebês ouvintes.
Concluindo desejo dizer que frente a uma realidade que já está presente para tantos pais algumas medidas são urgentes:
  • Apoiar a mãe no momento do diagnóstico precoce.
  • Mostrar as possibilidades e não as impossibilidades.
  • Esclarecer que independente das decisões tomadas (implante coclear, aparelhos auditivos) a relação com o bebê pode se dar de outras formas.
Sabemos que se a criança reage aos pais (e ela o faz visualmente) os pais irão reagir a ele, mas o primeiro passo é dos pais que só o poderão fazê-lo se souberem que seu filho é surdo, mas não incapaz de linguagem.Temos que possibilitar que os bebês Surdos possam crescer saudáveis e capazes de linguagem – os pais não devem parar de falar com eles porque eles não escutam e sim descobrir novas formas de comunicação.
Aos pais um conselho: procurem um fonoaudiólogo que possa explicar as vantagens do aparelho auditivo e do implante coclear (e os riscos também), mas que, antes de mais nada, respeite a comunidade Surda e sua língua. Afinal, seu filho é Surdo.
Bibliografia
BOUVET,D. The path to language. Philadelphia: Multilingual Matters, 1990.
MADILLO-BERNARD, M. Réflexion autour du dépistage précoce de la surdité au regard de la théorie de l'attachement. Dialogue. 2007, no175, pp. 41-48.
RAFAELI, Y. M. Um estrangeiro em sua casa. In: VORCARO, A. (ORG.) Quem fala na língua? Sobre as psicopatologias da fala. Salvador, BA: Ágalma, 2004 Coleção Psicanálise da Criança - vol. 15.
RODRIGUES,N. Organização Neural da Linguagem. In MOURA,M.; LODI,A.; PEREIRA,M. (eds.). A língua de Sinais e a educação do surdo. São Paulo: Tec Art, 1993.
SVARTHOLM, K. Educação Bilíngüe para os Surdos na Suécia: Teoria e Prática. In: MOURA, M.C.; VERGAMINI, S.A.A.; CAMPOS, S.R.L. de. Educação para Surdos: Práticas e Perspectivas. São Paulo: Livraria Santos, 2008.
YOSHINAGA-ITANO, C.; SEDEY, A.L.; COULTER. D. K. ; MEHL, A. L. Language of early and later identified children with haring loss. Pediatrics, 102: 1161-71, 1998

17 de nov. de 2011

Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência - Viver sem Limite

Olá pessoal,
Divulgo esta notícia, direto do site da Presidência da República, a respeito da lançamento desta campanha que aconteceu hoje:


Plano beneficia 45,6 milhões com deficiência

17/11/2011 12:59 - Portal Brasil
O Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência - o Viver sem Limite, lançado nesta quinta-feira (17) pela presidenta Dilma Rousseff, favorece a inclusão social e produtiva de cerca de mais de 45 milhões de pessoas no País.  Ao todo, o plano vai investir até R$ 7,6 bilhões em educação, saúde e acessibilidade na área até 2014.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 apontam que 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,91% da população brasileira. Destas, 12,7 milhões (6,7% da população total) possuem pelo menos um tipo de deficiência severa.
O Viver Sem Limite tem metas para serem alcançadas até 2014, com previsão orçamentária de R$ 7,6 bilhões. As ações previstas serão executadas em conjunto, por 15 órgãos do governo federal, sob a coordenação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).
Na área da Educação, o Plano prevê ações como o transporte escolar acessível, para viabilizar o acesso dos alunos com deficiência às instituições de ensino; a adequação arquitetônica de escolas públicas e instituições federais de ensino superior, com a intenção de dar condições adequadas de acessibilidade; a implantação de novas salas de recursos multifuncionais e a atualização das já existentes; e a oferta de até 150 mil vagas para pessoas com deficiência em cursos federais de formação profissional e tecnológica.
Na Saúde, o investimento visa ampliar as ações de prevenção às deficiências, criar um sistema nacional para o monitoramento e a busca ativa da triagem neonatal, com maior número de exames no Teste do Pezinho. Serão fortalecidas as ações de habilitação e reabilitação, atendimento odontológico, ampliação das redes de produção e acesso a órteses e próteses. Também haverá reforço de ações clínicas e terapêuticas, com a elaboração e publicação de protocolos e diretrizes clínicas de várias patologias associadas à deficiência.
O eixo Acessibilidade prevê ações conjuntas entre União, estados e municípios. O Programa Minha Casa, Minha Vida 2, por exemplo, terá 100% das unidades projetadas com possibilidade de adaptação, ou seja, 1,2 milhão de moradias que podem ser habitadas por pessoas com deficiência. Serão criados cinco centros tecnológicos para a formação, em nível técnico, de treinadores e instrutores de cães-guias em todas as regiões do país. Ações de mobilidade urbana do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) e da Copa de 2014 também cumprirão os requisitos de acessibilidade.
O plano prevê, ainda, a implantação de Centros de Referência, com a finalidade de oferecer apoio para as pessoas com deficiência em situação de risco, como extrema pobreza, abandono e isolamento social.
Além da SDH/PR, integram o Viver Sem Limite a Casa Civil, a Secretaria-Geral da Presidência da República e os Ministérios da Educação, Saúde, Trabalho e Emprego, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cidades, Fazenda, Planejamento, Comunicações, Previdência Social e Cultura.
O lançamento inclui uma linha de crédito de R$ 150 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para pesquisa e desenvolvimento (P&D) de tecnologias assistivas.  Além do financiamento da Finep, o governo federal vai subsidiar a compra de próteses e equipamentos para a população de baixa renda. Um catálogo de 1,6 mil produtos para idosos e pessoas com deficiência visual, auditiva, física, intelectual ou múltipla faz parte do projeto.

Linha de crédito para empresas
Do valor total de R$ 150 milhões, previsto para desembolso em três anos, R$ 90 milhões serão destinados a empréstimos (com juros de 4% ao ano) a empresas que queiram dominar tecnologias e criar produtos como próteses ortopédicas, leitores de Braille e cadeiras de rodas com interação com o cérebro da pessoa com deficiência.
Além do dinheiro para empréstimos, R$ 30 milhões ficarão disponíveis para subvenção de inovações de risco tecnológico alto e retorno financeiro incerto. Outros R$ 30 milhões, também não reembolsáveis, serão destinados a projetos desenvolvidos em parceria com universidades e centros de pesquisa.
O desenvolvimento de tecnologias assistivas também pode ser economicamente estratégico. O Brasil tem déficit comercial em produtos e equipamentos para mobilidade, tratamento e acessibilidade de pessoas com deficiência. Só no caso de próteses e órteses, o déficit na balança comercial é US$ 70 milhões anuais, de acordo com o superintendente de Tecnologias para Desenvolvimento Social da Finep, Maurício França.

Extensão do programa
As ações previstas serão executadas em conjunto por 15 órgãos do Governo Federal, sob a coordenação da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). 
Na área de educação, uma das propostas é a oferta de até 150 mil vagas para pessoas com deficiência em cursos federais de formação profissional e tecnológica. Neste eixo, serão investidos, até 2014, R$ 1,8 bilhão.
Na saúde serão investidos R$ 1,4 bilhão para ampliação das ações de prevenção às deficiências, criação de um sistema nacional para o monitoramento e a busca ativa da triagem neonatal, com um maior número de exames no Teste do Pezinho. 
Centros de Referência com a finalidade de oferecer apoio para as pessoas com deficiência em situação de risco, como extrema pobreza, abandono e isolamento social, também serão instalados no País, com previsão orçamentária de R$ 72,2 milhões. 
Medidas de Acessibilidade também serão contempladas, com investimento previsto de R$ 4,1 bilhões. O Programa Minha Casa, Minha Vida 2, por exemplo, terá 100% das unidades projetadas com possibilidade de adaptação, ou seja, 1 milhão e 200 mil moradias que podem ser habitadas por pessoas com deficiência. 
Serão criados, também, cinco centros tecnológicos para a formação, em nível técnico, de treinadores e instrutores de cães-guias em todas as regiões do País. Atualmente, só existem dois instrutores qualificados no Brasil.